terça-feira, 8 de novembro de 2011

Despedidas...


AS FRIALDADES DA MOR

 

Ao  meu grande amigo Rubens Pellini...



Quando era ainda bem pequena, a morte era para mim uma completa desconhecida. Até que um dia do terceiro ano de escola cruzei com ela na esquina da Santos Dumont com a Abaiara. Um caminhão esmagou a cabeça de um homem. Até hoje não sei qual a razão de ter ido ao enterro. Talvez tenha sido o cemitério perto, o inusitado dos fatos que levaram aquilo. Não importa: fui e presenciei tudo. Mais tarde a morte veio visitar a avó da minha vizinha. A vó dela fazia um delicioso pudim de pão. Deve ter sido isso que a trouxe a São Paulo. A morte ficou por lá uns dois anos. Um dia, como um lobo mau que leva Chapeuzinho Vermelho,
ela a tirou de nós de madrugada e nunca mais teve pudim de pão gostoso.Um dia a morte resolveu visitar a minha mãe.Ela tinha um colo quente e a voz mais doce que eu ja escutei.A morte judiou dela um tempão, um dia cheguei da escola e não havia mais a voz doce.A morte venceu , silenciou a minha felicidade.Comprou briga comigo para sempre.Na adolescência, a morte foi lá no meu colégio. Atrevida, pegou carona na moto dos garotos mais populares. Ela e meus quatro amigos sumiram no caminho para Itu. Em outras oportunidades, a morte esteve por perto, de passagem. Sempre a via tomando conta de acidentes pelas estradas. Parecia polícia rodoviária. Em um desses acidentes, ela olhava minha melhor amiga, que estava grávida, e a levou de um carro na vespera do dias das mães.Covarde essa tal de morte . Um dia a morte resolveu morar na minha casa . Passou 3 anos lá, mas a gente se desentendeu de cara.Eu já a conhecia bem de perto...Era a hora da nossa briga... Eu fui parar até em um hospital bem longe por causa da briga. A morte não se abalou com isso. Eu muito menos, e, quando se encheu de mim tratou de ir embora.E quando voltar vamos brigar feio de novo!Esses dias a morte passou pelo meu trabalho e levou mais dois amigos meus com ela. Com um deles ela se atracou por meses e só largou com ele caído. O outro foi de supetão. Um golpe só quando ele foi a uma clínica. Tenho certeza de que eles não queriam ir. É abusada demais essa morte. Um dia ainda me acerto com ela...

Um comentário:

  1. Eu também quero um acerto com ela .

    Maldita seja por nos causar tamanha dor .

    Compartilho do seu sofrimento amiga .

    Fique em paz.

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